domingo, 22 de maio de 2016

Judy Garland: Lembranças além do arco-íris




Vim rapidinho só para compartilhar uma coisa que me deixou em pedaços. Estava eu no Twitter e postaram uma foto da última casa onde Judy Garland viveu. Fica no número 4 de Cadogan Lane, em Belgrávria SW1, Londres. A casa infelizmente foi demolida, e isso foi o que restou. Olhem as lindas homenagens na madeira :')






O endereço foi seu último lar, junto ao seu último marido, Mickey Deans. Eles se casaram em março de 1969 em Londres. Judy então fez no fim do mês seu último show, em Copenhage. O casal viveria apenas alguns meses juntos, e seria Deans que encontraria Judy já sem vida no banheiro, após uma overdose acidental de barbitúricos. 






A vida de Judy Garland foi marcada por altos e baixos. Começou a carreira muito jovem, e viveu complexada pelos executivos do cinema a acharem feia e gorda (!), e junto com as longas jornadas de trabalho ela acabou dependente de medicamentos, vício que a acompanhou durante toda a vida. Ah Dorothy, quantas Bruxas Más do Oeste não encontrou durante sua vida, e quantas ainda assolam o mundo...

ESSE BEBÊ É FEIO ONDE, PELO AMOR DE DEUS ??? Uma bonequinha, isso sim <3


Da carreira inicial da Judy, eu gosto muito dos filmes com o Mickey Rooney (apesar de serem quase todos iguais, eles sempre querem fazer um show na Broadway risos). O meu favorito é o fofo Sangue de Artista (Babes in Arms). Me dá nostalgia... uns filmes inocentes com músicas legais e atores tão carismáticos.



Já adulta, uma tumultuada vida pessoal, casamentos difíceis, uma verdadeira montanha russa tanto no trabalho quanto na vida, mas sempre cheia de vida agraciando as telas e o mundo com seu talento. Seu último filme, Na Glória a Amargura (I Could Go On Singing), mesmo que não autobiográfico propriamente, mostra uma Judy mais real e logo a vida tumultuada de uma cantora que tenta conciliar o trabalho com a vida pessoal ( o filme está em DVD e também disponível no Youtube, também conta com Dirk Bogarde no elenco). O canto de cisne emociona, e muito. Há uma parte que ela chega atrasada no show, brinca, faz piada, a plateia está azeda, e ali na frente de uma multidão, tão humana na sua fragilidade, e aquela mesma pequena grande mulher quando solta sua voz encanta a todos, ilumina aquele enorme palco solitário e mostra a verdadeira magia do show business. Uma artista completa que continua encantando novas gerações de fãs, com um legado (e um coração) de ouro. As cortinas vermelhas se fechariam, mas ela continua a cantar, para sempre.



Judy sempre é lembrada pelos musicais, como O Mágico de Oz, mas também soube mostrar que era uma ótima atriz e podia fazer dramas tão bem quanto os filmes musicais. No mesmo ano ela fez um drama muito bom com Burt Lancaster, numa produção de Stanley Kramer, dirigido por John Cassavetes, chamado Minha Esperança é Você. Um filme sensível sobre uma escola de crianças especiais, onde Judy, uma professora de música, se encanta com uma criança autista nunca visitada pelos pais, e entra em confronto com os métodos da escola e o preconceito da sociedade contra os deficientes. 



Para não esquecer também sua notável participação, junto a um elenco de peso, no filme Julgamento em Nuremberg, baseado em fatos reais sobre o julgamento de criminosos nazistas após a Segunda Guerra. A busca pela verdade quando muitos já queriam esquecer.


E em um dos meus preferidos da era de ouro é O Ponteiro da Saudade (The Clock) de 1945. Um filme muito sensível sobre um soldado (Robert Walker, de Pacto Sinistro) que aproveita dois dias livre em Nova York e acaba encontrando Judy no meio do caminho, os dois se apaixonam e vivem diversas aventuras pela cidade, e como ele tem que partir de volta para o exército, eles tem que correr contra o tempo para conseguir se casar. É um filme muito bonito e singelo que merece ser mais lembrado. 




Vincente Minnelli havia dirigido o filme, e também dirigiu Judy em O Pirata (sempre bom quando ela se junta com Gene Kelly, e os beijos técnicos super de língua Lol) e em Agora Seremos Felizes, um dos filmes que Judy está mais radiante, dizem que de amor por Vincente, já que os dois se apaixonaram durante as filmagens e da relação nasceria a filha, Liza Minnelli. Como não amar The Trolley Song (só pra citar uma) ? 

PS: nunca vou perdoar a Sarah Jessica Parker por desligar a televisão que passava Agora Seremos Felizes logo nessa cena, numa parte do filme de Sex and the City. E ainda para ficar pensando em homem? Me poupe, Carrie. 



Parênteses: a pequena Liza depois faria uma pequena participação, ainda criança, no musical A Noiva Desconhecida (In the Good Old Summertime) estrelado pela mãe junto com Van Johnson. :)



Nos anos 50, Judy fez um retorno triunfal para as telas, após um período turbulento fora das telas, com Nasce uma Estrela. Apesar de pessoalmente preferir a versão original com Janet Gaynor (que passava bastante no canal Futura), Judy Garland é a verdadeira estrela do show, canta, dança, atua e faz ainda mais um pouco nesse que é um dos melhores exemplos de musicais da antiga Hollywood. O Oscar, entretanto, preferiu dar o prêmio de Melhor Atriz para Grace Kelly, que também não estava nada mal num papel ''gente como a gente'' no drama Amar é Sofrer (The Country Girl). Até hoje a premiação é contestada entre os fãs, mas a performance de Judy permanece marcante e inesquecível. 

Entre problemas de saúde, relacionamentos, ausências, e suspensões do estúdio, ficou de fora de filmes como Bonita e Valente (substituída por Betty Hutton), Ciúme Sinal de Amor (por Ginger Rogers) e de O Vale das Bonecas nos anos 60 quando foi demitida e substituída por Susan Hayward; e teve uma breve mas não menos importante carreira na tv com o The Judy Garland Show, com diversas performances musicais inesquecíveis, além do humor único de Judy.



Entretanto, em 1961 sua performance no Carnegie Hall, uma espécie de retorno triunfal, foi considerada ''a maior noite do show business''. E não pararia por aí, fazendo turnê e até shows com as filhas Liza e Lorna Luft. 

Outro parênteses: Judy também dublaria A Gata dos Meus Sonhos, em inglês Gay Purr-ee, uma animação adorável sobre uma gatinha da fazenda que sonha com o glamour de Paris mas quando chega lá acaba em grandes apuros, e só o gato do campo que ela desprezava poderá lhe salvar. Preciso nem dizer que os dois caem de amores um pelo outro.


Enfim, aproveitei o gancho para dar uma pequena navegada pela carreira dessa atriz que eu tanto amo, mas ainda preciso me aprofundar muito mais na sua biografia e carreira (preciso ler alguma biografia) para discorrer mais sobre ela, o que eu deixo para uma próxima. Fica minha tristeza por ver a casa onde viveu e morreu um ídolo ser assim demolida. 


Vários fãs foram até sua casa, sentiram a energia de estar no mesmo cômodo que a deusa esteve. O post it da foto acima foi colocado por um fã, e mesmo meses depois, continuou lá, intacto (!). Não importa quanto o tempo passe, a emoção sempre fica, e o brilho da estrela continua iluminando nossa vida. Que ela tenha encontrado a paz que não encontrou em vida, sem nunca deixar de lado o grande e poderoso amor que moveu sua vida e a mantem eterna nos nossos corações. Como alguém disse no seu velório, ''ela se consumiu''. 


E o que fica disso tudo? Sei lá. Mais um capítulo de como a vida é uma merda, as pessoas legais morrem cedo enquanto os merdas fazem hora na Terra, e lembro das palavras de uma moça que comentou lá na página do Face, que tanto como historiadora e como fã se entristeceu em ver um prédio praticamente histórico ir assim abaixo, tão odioso pode ser o crescimento frenético dos centros urbanos, o homem que passa por cima de tudo sem dó, e mais uma parte de todo um passado desaparecendo para sempre, mesmo que só fisicamente, nunca da mente ou do coração. As pessoas são um lixo. Mas sim, claro, a vida vale a pena ser vivida, e ao máximo. Poderia fazer uma reflexão filosófica, mas depois desse mood deprê que eu deixei, acho que o número de Casa Comida e Carinho (Summer Stock, 1950) fala mais do que eu poderia dizer. Do céu da Golden Age, it's Judy fucking Garland <3

FORGET YOUR TROUBLES, C'MON GET HAPPY!! 




Descanse em paz, querida Judy. Ficam aqui algumas lembranças de Além do Arco-Íris ♥ 



6 comentários:

  1. eu amo a Judy Garland, queria visitar outras casas onde ela tenha vivido, vc conhece alguma?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, então, eu vou tentar saber das outras residências da Judy sim, e se eu descobrir eu posto aqui :) aliás estava pensando em fazer post sobre algumas casas dos artistas da Old Hollywood (muitas ainda estão de pé e conservadas). Obrigado por visitar o blog, beijos <3

      Excluir
  2. eu tambem amo a Judy Garland, queria visitar outras casas onde ela tenha vivido, já que essa infelizmente não existe mais.

    ResponderExcluir
  3. eu tambem amo a Judy Garland, queria visitar outras casas onde ela tenha vivido, já que essa infelizmente não existe mais.

    ResponderExcluir
  4. A Judy foi uma pessoa incrível, infelizmente muitas pessoas a colocavam para baixo, principalmente naquela época onde os padrões eram muito mais rígidos e a mesma acabava não se encaixando, mas ainda bem, pois isso acabou a tornando única. Amo muito seus filmes, sua carreira foi maravilhosa, uma cantora magnífica, um ser humano único e especial! Obrigada por ter lembrado dela meu amor!

    ResponderExcluir

Carole Lombard: Diva da Comédia Screwball e Grande Amor de Clark Gable (Biografia e Cinema)

A atriz  norte-americana  Carole Lombard nos deixou muito cedo em 16 de janeiro de 1942, com apenas 33 anos de idade. Ela, sua mãe e mais 20...